Disc 1 | ||||||
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1. |
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Olha Maria
Eu bem te queria Fazer uma presa Da minha poesia Mas hoje, Maria Pra minha surpresa Pra minha tristeza Precisas partir Parte, Maria Que estas tao bonita Que estas tao aflita Pra me abandonar Sinto, Maria Que estas de visita Teu corpo se agita Querendo dancar Parte, Maria Que estas toda nua Que a lua te chama Que estas tao mulher Arde, Maria Na chama da lua Maria cigana Maria mare Parte cantando Maria fugindo Contra a ventania Brincando, dormindo Num colo de serra Num campo vazio Num leito de rio Nos bracos do mar Vai, alegria Que a vida, Maria Nao passa de um dia Nao vou te prender Corre, Maria Que a vida nao espera E uma primavera Nao podes perder Anda, Maria Pois eu so teria A minha agonia Pra te oferecer |
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3. |
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5. |
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Ouca um bom conselho
Que eu lhe dou de graca Inutil dormir que a dor nao passa Espere sentado Ou voce se cansa Esta provado, quem espera nunca alcanca Venha, meu amigo Deixe esse regaco Brinque com meu fogo Venha se queimar Faca como eu digo Faca como eu faco Aja duas vezes antes de pensar Corro atras do tempo Vim de nao sei onde Devagar e que nao se vai longe Eu semeio o vento Na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade |
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6. |
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9. |
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Ah, se ja perdemos a nocao da hora
Se juntos ja jogamos tudo fora Me conta agora como hei de partir Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios Rompi com o mundo, queimei meus navios Me diz pra onde e que inda posso ir Se nos, nas travessuras das noites eternas Ja confundimos tanto as nossas pernas Diz com que pernas eu devo seguir Se entornaste a nossa sorte pelo chao Se na bagunca do teu coracao Meu sangue errou de veia e se perdeu Como, se na desordem do armario embutido Meu paleto enlaca o teu vestido E o meu sapato inda pisa no teu Como, se nos amamos feito dois pagaos Teus seios inda estao nas minhas maos Me explica com que cara eu vou sair Nao, acho que estas so fazendo de conta Te dei meus olhos pra tomares conta Agora conta como hei de partir |
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10. |
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Eu te vejo sumir por ai
Te avisei que a cidade era um vao Da tua mao, olha pra mim Nao faz assim, nao va la, nao Os letreiros a te colorir Embaracam a minha visao Eu te vi suspirar de aflicao E sair da sessao frouxa de rir Ja te vejo brincando gostando de ser Tua sombra a se multiplicar Nos teus olhos tambem posso ver As vitrines te vendo passar Na galeria, cada clarao E como um dia depois de outro dia Abrindo um salao Passas em exposicao Passas sem ver teu vigia Catando a poesia Que entornas no chao |
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11. |
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sua lembranca me doi tanto
Eu canto pra ver Se espanto esse mal Mas so sei dizer Um verso banal Fala em voce Canta voce E sempre igual Sobrou desse nosso desencontro Um conto de amor Sem porto final Retrato sem cor Jogado aos meus pes E saudades futeis Saudades frageis Meros papeis Nao sei se voce ainda e a mesma Ou se cortou os cabelos Rasgou o que e meu Se ainda tem saudades E sofre como eu Ou tudo ja passou Ja tem um novo amor Ja me esqueceu |
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13. |
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14. |
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15. |
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(Chico Buarque, 1979)
Se voce cre em Deus Erga as mao para os deus E agradeca Quando me cobicou Sem querer acertou Na cabeca Eu sou sua alma gemea Sou sua femea Seu par, sua irma Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto) Sou perfeita porque Igualzinha a voce Eu nao presto Eu nao presto Traicoeira e vulgar Sou sem nome e sem lar Sou aquela Eu sou filha da rua Eu sou cria da sua Costela Sou bandida Sou solta na vida E sob medida Pros carinhos seus Meu amigo Se ajeite comigo E de gracas a Deus Se voce cre em Deus Encaminhe pros ceus Uma prece E agraceca ao Senhor Voce tem o amor Que merece Andre Velloso, Rio de Janeiro, Brazil |
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16. |
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Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode as seis horas da manha Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortela Todo dia ela diz que e pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher Diz que esta me esperando pro jantar E me beija com a boca de cafe Todo dia eu so penso em poder parar Meio-dia eu so penso em dizer nao Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijao Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portao Diz que esta muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixao Toda noite ela diz pra eu nao me afastar Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode as seis horas da manha Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortela |
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17. |
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Procurando bem
Todo mundo tem pereba Marca de bexiga ou vacina E tem piriri, tem lombriga, tem ameba So a bailarina que na£o tem E na£o tem coceira Berruga nem frieira Nem falta de maneira Ela na£o tem Futucando bem Todo mundo tem piolho Ou tem cheiro de creolina Todo mundo tem um irma£o meio zarolho So a bailarina que na£o tem Nem unha encardida Nem dente com comida Nem casca de ferida Ela na£o tem Na£o livra ninguem Todo mundo tem remela Quando acorda a?s seis da matina Teve escarlatina Ou tem febre amarela So a bailarina que na£o tem Medo de subir, gente Medo de cair, gente Medo de vertigem Quem na£o tem Confessando bem Todo mundo faz pecado Logo assim que a missa termina Todo mundo tem um primeiro namorado So a bailarina que na£o tem Sujo atra¡s da orelha Bigode de groselha Calcinha um pouco velha Ela na£o tem O padre tambem Pode ate ficar vermelho Se o vento levanta a batina Reparando bem, todo mundo tem pentelho* So a bailarina que na£o tem Sala sem mobalia Goteira na vasilha Problema na famalia Quem na£o tem Procurando bem Todo mundo tem... |