Foi, quem sabe, esse disco, esse risco De sombra em teus cilios Foi ou nao meu poema no chao Ou talvez nossos filhos As sandalias de saltos tao altos, O relogio batendo, o sol posto O Relogio, as sandalias, e eu batendo em seu rosto E a queda dos saltos tao altos Sobre nossos filhos Como um raio de sangue no chao Do risco em teus cilios Foram discos demais, desculpas demais Ja vao tarde essas tardes e mais Tuas aulas, meus taxis, uisque,dietil,dienpax... Ah, mas ha que se louvar Entre altos e baixos o amor quando traz Tanta vida que ate pra morrer leva tempo demais...
As aparencias enganam, aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o odio se irmanam na fogueira das paixoes Os coracoes pegam fogo e depois nao ha nada que os apague Se a combustao os persegue, as labaredas e as brasas sao O alimento, o veneno e o pao, o vinho seco, a recordacao Dos tempos idos de comunhao, sonhos vividos de conviver
As aparencias enganam, aos que odeiam e aos que amam Poque o amor e o odio se irmanam na geleira das paixoes Os coracoes viram gelo e, depois, nao ha nada que os degele Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser Nao ha mais forma de se aquecer, nao ha mais tempo de se esquentar Nao ha mais nada pra se fazer, senao chorar sob o cobertor
As aparencias enganam, aos que gelam e aos que inflamam Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixoes Os coracoes cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno Mas o verao que os unira, ainda, vive e transpira ali Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera No insistente perfume de alguma coisa chamada amor
De manha cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o po, lava a roupa, seca os olhos Ah, como essa santa nao se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pao Depois sorri meio sem graca E abraca aquele homem Aquele mundo Que a faz assim feliz
De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora Sabe tudo, nao faz mal Ah, como essa coisa e tao bonita Ser cantora, ser artista Isso tudo e muito bom E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quanto os homens enlouquece Nessa boca, nesse chao Depois parece que acha graca E agradece ao destino aquilo tudo Que a faz tao infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora Em quem esbarro a toda hora no espelho casual E feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural
Caia A tarde feito um viaduto E um bebado trajando luto Me lembrou Carlitos
A lua Tal qual a dona dum bordel Pedia a cada estrela fria Um brilho de aluguel
E nuvens La no mata-borrao do ceu Chupavam manchas torturadas Que sufoco!
Louco, O bebado com chapeu coco Fazia irreverencias mil Pra noite do Brasil Meu Brasil
Que sonha Com a volta do irmao do Henfil Com tanta gente que partiu Num rabo de foguete
Chora a nossa patria mae gentil Choram Marias e Clarisses No solo do Brasil
Mas sei Que uma dor assim pungente Nao ha de ser inutilmente A esperanca danca Na corda bamba de sombrinha E em cada passo dessa linha Pode se machucar
Azar A esperanca equilibrista Sabe que o show de todo artista Tem que continuar
O homem que diz dou Nao da Porque quem da mesmo Nao diz O homem que diz vou Nao vai Porque quando foi Ja nao quis
Homem que diz sou Nao e Quem e mesmo, e Nao sou Homem que diz to Nao esta Ninguem esta quando quer
Coitado do homem que cai No canto de Ossanha, traidor Coitado do homem que vai Atras de mandinga de amor
Vai, vai, vai Nao vou Vai, vai, vai Nao vou Vai, vai Vai, vai Nao vou Vai, vai Vai, vai, vai
Nao vou Que eu nao sou ninguem de ir Em conversa de esquecer A tristeza de um amor Que passou Nao, eu so vou se vou pra ver Uma estrela aparecer Na manha de um novo amor
Amigo sinho Sarava Xango me mandou lhe dizer Se e canto de Ossanha, nao va Que vai se arrepender Pergunte ao seu Orixa Amor so e bom se doer Pergunte ao seu Orixa Amor so e bom se doer
Vai, vai, vai amar Vai, vai, vai, vai sofrer Vai, vai, vai chorar Vai, vai, vai, vai, vai, vai dizer Que eu nao sou ninguem de ir Em conversa de esquecer a tristeza De um amor que ja passou Nao, eu so vou se for pra ver Uma estrela aparecer Na manha de um novo amor Eh, amar
Vai, vai, vai, vai sofrer Vai, vai, vai chorar Vai, vai, vai, vai Vai!
Nos dias de hoje e bom que se proteja Ofereca a face a quem quer que seja Nos dias de hoje, esteja tranquilo Haja o que houver pense nos seus filhos Nao ande nos bares, esqueca os amigos Nao pare nas pracas, nao corra perigo Nao fale do medo que temos da vida Nao ponha o dedo na nossa ferida Nos dias de hoje, nao nos de motivo Porque na verdade eu te quero vivo Tenha paciencia, Deus esta contigo Deus esta conosco ate o pescoco Ja esta escrito, ja esta previsto Por todas as videntes, pelas cartomantes Esta tudo nas cartas, em todas as estrelas No jogo de buzios e nas profecias Cai o rei de espadas Cai o rei de ouros Cai o rei de paus Cai, nao fica nada!
Eu quero uma casa no campo Onde eu possa compor Muitos rocks rurais E tenha somente a certeza Dos amigos do peito E nada mais
Eu quero uma casa no campo Onde eu possa ficar No tamanho da paz E tenha somente a certeza Dos limites do corpo E nada mais
Eu quero carneiros e cabras Pastando solenes no meu jardim Eu quero o silencio das linguas cansadas Eu quero a esperanca de oculos E um filho de cuca legal Eu plantar e colher com a mao A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo Do tamanho ideal Pau-a-pique e sape Onde eu possa plantar meus amigos Meus discos e livros E nada mais
Nao quero lhe falar meu grande amor Das coisas que aprendi nos discos Quero lhe contar como vivi e tudo Que aconteceu comigo Viver e melhor que sonhar, Eu sei que o amor e uma coisa boa Mas tambem sei que qualquer canto e menor do que a vida de qualquer pessoa Por isso cuidado meu bem, ha perigo na esquina Eles venceram e o sinal esta fechado pra nos que somos jovens Para abracar seu irmao e beijar sua menina na rua E que se fez o seu braco, o seu labio e a sua voz Voce me pergunta pela minha paixao Digo que estou encantada com uma nova invencao Eu vou ficar nesta cidade, nao vou voltar pro sertao Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estacao Eu sei de tudo na ferida viva do meu coracao Ja faz tempo que eu vi voce na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida Na parede da memoria essa lembranca e o quadro que doi mais
Minha dor e perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos Como nossos pais Nossos idolos ainda sao os mesmos e as aparencias nao enganam nao Voce diz que depois deles nao apareceu mais ninguem
Voce pode ate dizer que eu 'to por fora, ou entao que eu 'to inventando Mas e voce que ama o passado e que nao ve E voce que ama o passado e que nao ve Que o novo sempre vem Hoje eu sei que quem me deu a ideia de uma nova consciencia e juventude Ta em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor e perceber que apesar de termos feito tudo, tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais