Disc 1 | ||||||
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Tenho tantas recordacoes como
Folhas tremendo nos ramos, Canas murmurando a beira-rio, Aves cantando no ceu azul, Fremito, murmurios, cancao: Tantas! E mais disformes que sonhos. Mais ainda: De todas as esferas celestes; Como a onda, que ao quebrar, Invade a imensidao da praia, sem Nunca porem, um grao de areia expulsar. Em atropelo, ouco-as segredar, Ora agrestes, ora ternas, duras ou sinceras; De tanta fartura, ainda dou em louco, Esqueco quem sou e torno-me um outro. As que sao tristes, mais tristes me soam; Agora que sei outro recurso nao ter, Que ficar de novo encalhado Nas margens do eterno sofrer. Tambem as felizes, se tornam mais tristes, Pois para sempre se esvaneceram: Beijos, luxos, palavras do passado, Sao como frutos que em mim morreram. Nada mais tenho que recordacøes, A minha vida ja ha muito se foi. Como pode um morto cantar ainda? Em mim ja nenhum canto tem vida. Nas margens dos grandes mares, Na funda escuridao dos bosques, Ouco ainda o grande rumor despertar E nenhuma voz que o faca libertar. |
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6. |
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Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar Tao longe que o meu lamento Nao te consegue alcancar E apenas ouves o vento E apenas ouves o mar Levaram-te a meio da noite A treva tudo cobria Foi de noite numa noite De todas a mais sombria Foi de noite, foi de noite E nunca mais se fez dia. Ai! Dessa noite o veneno Persiste em me envenenar Oico apenas o silencio Que ficou em teu lugar E ao menos ouves o vento E ao menos ouves o mar. |
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17. |
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